segunda-feira, 19 de julho de 2010

"...Esses afagos porém não passavam de uns prolongados apertos de mão, de algum abraço dado assim em ar de brinquedo e sem intenção amorosa, ou de um desses olhares mudos, longos e repassados de ternura, que em si resumem todo um poema de amor. Bem vontade tinham eles de se beijarem, mas tolhia-os um acanhamento virginal, esse pudor nativo, que é como o orvalho, que só na aurora esmalta o cálix das flores, e os desejos morriam-lhes dentro da alma, e os beijos apenas lhes estremeciam na ponta dos lábios, como tenros passarinhos batendo as asas implumes à beira do ninho, ansiando, mas nunca ousando desprender o vôo pelo espaço."
Trecho do livro O Seminarista de Bernardo Guimarães.

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