sexta-feira, 14 de maio de 2010

Desabafo.

Repentinamente o sentimento de vazio toma conta de mim.
Pessoas, situações, ... vontades imprevisíveis, desejos inconcluíveis.

É porque quando mergulho meus olhos ressecados nesse imenso lago azul que é o seu olhar, encontro finalmente a angústia delirante que me persegue a todo instante.

''Mas eu sempre tivera medo de delírio e erro. Meu erro, no entanto, devia ser o caminho de uma verdade: pois só quando erro é que saio do que conheço e do que entendo. Se a 'verdade' fosse aquilo que posso entender - terminaria sendo apenas uma verdade pequena, do meu tamanho.''

starry night

Starry Night, Edvard Munch 1893

''Somos criaturas que precisam mergulhar na profundidade para lá respirar, como o peixe mergulha na água para respirar, só que minhas profundidades são no ar da noite. A noite é o nosso estado latente. E é tão úmida que nascem plantas. Em casas as luzes se apagam para que se ouçam mais nítidos os grilos, e para que os gafanhotos andem sobre as folhas quase sem as tocarem, as folhas, as folhas, as folhas - na noite a ansiedade suave se transmite através do oco do ar, o vazio é o meio de transporte.''
Trecho do livro A Paixão Segundo G.H.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

''Todos iguais. Com vestes iguais. Roupas escuras. E com indiferentes chapéus côco! Como se todos fossem apenas um... A multidão de Magritte faz-se de homens iguais, uma multidão de um homem só, que se esconde no meio de outros homens iguais, com roupas que lhe permitem viver na penumbra, esquecidos dos outros, para se conseguir esquecer de si. A multidão é uma multidão de homens anônimos, um perdido no meio de todos, em uma praça vazia por estar cheia de pessoas idênticas.''

Por que tudo sempre deve haver sentido? Por que não a loucura, a eloquência, a diferença? Que tal o sabor do irreal? Por que não mudar um pouco, sair do comum, prevalecer, sobrepor-se, impor-se?
Por que todos insistem em seguir, imitar tudo o que o grande agrupamento de pessoas que pensam do mesmo jeito, junto de seus excessos de ideias repetitivas que tanto insistem em martelar na mente de todo mundo?
''Faça isso. Seja aquilo. Só assim você será uma pessoa normal e será aceito pela sociedade.''
Por que não ter uma própria interpretação da vida?
Então, pra mim chega de normalidade, regularidade. Chega de água com açúcar, chega de meios-termos, chega de mais ou menos.
Eu quero um mundo novo, necessito disso. Se ele insiste em permanecer o mesmo, crio eu mesma o meu próprio. Não fugirei da realidade, apenas quero viver o real na forma irreal, o devaneio eufórico camuflado entre sorrisos e suspiros.