– Olá! Como vai?
– Eu vou indo. E você, tudo bem?
– Tudo bem! Eu vou indo, correndo pegar meu lugar no futuro... E
você?
– Tudo bem! Eu vou indo, em busca de um sono tranqüilo...
Quem sabe?
– Quanto tempo!
– Pois é, quanto tempo!
– Me perdoe a pressa - é a alma dos nossos negócios!
– Qual, não tem de quê! Eu também só ando a cem!
– Quando é que você telefona? Precisamos nos ver por aí!
– Pra semana, prometo, talvez nos vejamos...Quem sabe?
– Quanto tempo!
– Pois é...quanto tempo!
– Tanta coisa que eu tinha a dizer, mas eu sumi na poeira das
ruas...
– Eu também tenho algo a dizer, mas me foge à lembrança!
– Por favor, telefone - Eu preciso beber alguma coisa,
rapidamente...
– Pra semana...
– O sinal...
– Eu procuro você...
– Vai abrir, vai abrir...
– Eu prometo, não esqueço, não esqueço...
– Por favor, não esqueça, não esqueça...
– Adeus!
– Adeus!
– Adeus!
quinta-feira, 2 de dezembro de 2010
domingo, 14 de novembro de 2010
Fragmento de ''Elogio da Loucura''
"Ó céus! Acaso há homens mais felizes na terra que os comumente chamados de loucos, insensatos, bobos e imbecis? Em primeiro lugar, eles não temem de modo nenhum a morte, o que, certamente, não é uma pequena vantagem. Não conhecem nem os remorsos devoradores de uma má consciência, nem os vãos terrores que as histórias do inferno inspiram aos outros homens... Jamais o temor dos males que os ameaçam, jamais a esperança dos bens que podem obter seria capaz de perturbar por um só instante a tranquilidade da alma deles.(...) E, se são bastante felizes para chegar muito perto da estupidez dos brutos, têm ainda a vantagem, segundo os teólogos, de ser impecáveis."
Erasmo de Rotterdam
Erasmo de Rotterdam
sábado, 25 de setembro de 2010
a little bit of Oscar Wilde.
Lorde Henry: - Ignoro o que os homens entendem por uma boa influência, Mr. Gray. Toda influência é imoral... imoral, sob o ponto de vista científico...
Dorian Gray: - E por quê?
Lorde Henry: - Porque considero que influir sobre uma pessoa é transmitir-lhe um pouco de sua própria alma; esta pessoa deixa de sentir suas paixões naturais. Suas virtudes não são mais suas. Seus pecados, se houver qualquer coisa semelhante a pecado, serão emprestados. Ela tornar-se-á eco de uma música estranha, autora de uma peça que não se compôs para ela. O fim da vida é o desenvolvimento da personalidade. Realizar a sua própria natureza, eis o que todos procuramos fazer. Os homens, hoje, amedrontam-se deles mesmos. Esqueceram-se do maior de todos os deveres, do dever que cada um deve a si próprio. Naturalmente, são caridosos. Nutrem, e andam nus. A coragem nos abandonou; é possível que nunca a possuíssemos! O terror da sociedade, que é a base de toda a moral, o terror de Deus, que é o segredo da religião, eis as duas coisas que nos governam. (...) E ainda creio que se um homem quisesse viver plenamente, completamente, quisesse dar uma forma a cada sonho, creio que o mundo experimentaria tal impulso de alegria nova que nos esqueceríamos de todos os males medievais para voltarmos ao ideal grego, talvez a qualquer coisa mais linda e rica que esse ideal! O mais bravo, porém, dentre nós tem medo de si próprio. A abjuração de nossas vidas é tragicamente semelhante à mutilação dos fanáticos. Somos punidos pelo que negamos. Cada impulso que tentamos sufocar persevera em nosso íntimo e nos intoxica. O corpo peca a princípio e satisfaz-se com o pecado, porque a ação é o modo de purificação. Só conservamos a lembrança de um prazer ou a voluptuosidade de uma saudade. Só quando cedemos a uma tentação nos desenbaraçamos dela. Procure resistir e sua alma há de aspirar doentemente a tudo de que quiser preservar-se, com a agravação do desejo por aquilo que todas as leis monstruosas tornaram ilegal e monstruoso. Já se disse que todos os grandes acontecimentos do mundo se acomodam no cérebro. É no cérebro, e aí somente, que também tomam lugar os grandes pecados do mundo. O senhor, Mr. Gray, com a sua candente mocidade e a sua cândida infância, há de ter tido paixões que o terão espantado, pensamentos que já o encheram de terror, dias de sonho e noites de sonho que, simplesmente recordados, bastarão para subir-lhe o rubor das faces...
Trecho do livro ''O Retrato de Dorian Gray''.
Dorian Gray: - E por quê?
Lorde Henry: - Porque considero que influir sobre uma pessoa é transmitir-lhe um pouco de sua própria alma; esta pessoa deixa de sentir suas paixões naturais. Suas virtudes não são mais suas. Seus pecados, se houver qualquer coisa semelhante a pecado, serão emprestados. Ela tornar-se-á eco de uma música estranha, autora de uma peça que não se compôs para ela. O fim da vida é o desenvolvimento da personalidade. Realizar a sua própria natureza, eis o que todos procuramos fazer. Os homens, hoje, amedrontam-se deles mesmos. Esqueceram-se do maior de todos os deveres, do dever que cada um deve a si próprio. Naturalmente, são caridosos. Nutrem, e andam nus. A coragem nos abandonou; é possível que nunca a possuíssemos! O terror da sociedade, que é a base de toda a moral, o terror de Deus, que é o segredo da religião, eis as duas coisas que nos governam. (...) E ainda creio que se um homem quisesse viver plenamente, completamente, quisesse dar uma forma a cada sonho, creio que o mundo experimentaria tal impulso de alegria nova que nos esqueceríamos de todos os males medievais para voltarmos ao ideal grego, talvez a qualquer coisa mais linda e rica que esse ideal! O mais bravo, porém, dentre nós tem medo de si próprio. A abjuração de nossas vidas é tragicamente semelhante à mutilação dos fanáticos. Somos punidos pelo que negamos. Cada impulso que tentamos sufocar persevera em nosso íntimo e nos intoxica. O corpo peca a princípio e satisfaz-se com o pecado, porque a ação é o modo de purificação. Só conservamos a lembrança de um prazer ou a voluptuosidade de uma saudade. Só quando cedemos a uma tentação nos desenbaraçamos dela. Procure resistir e sua alma há de aspirar doentemente a tudo de que quiser preservar-se, com a agravação do desejo por aquilo que todas as leis monstruosas tornaram ilegal e monstruoso. Já se disse que todos os grandes acontecimentos do mundo se acomodam no cérebro. É no cérebro, e aí somente, que também tomam lugar os grandes pecados do mundo. O senhor, Mr. Gray, com a sua candente mocidade e a sua cândida infância, há de ter tido paixões que o terão espantado, pensamentos que já o encheram de terror, dias de sonho e noites de sonho que, simplesmente recordados, bastarão para subir-lhe o rubor das faces...
Trecho do livro ''O Retrato de Dorian Gray''.
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domingo, 8 de agosto de 2010
silêncio, por favor...
''...enquanto eu esqueço um pouco a dor no peito.
não diga nada sobre os meus defeitos,
eu não me lembro mais o que me deixou assim.
Hoje eu quero apenas uma pausa de mil compassos.''
não diga nada sobre os meus defeitos,
eu não me lembro mais o que me deixou assim.
Hoje eu quero apenas uma pausa de mil compassos.''
segunda-feira, 19 de julho de 2010
"...Esses afagos porém não passavam de uns prolongados apertos de mão, de algum abraço dado assim em ar de brinquedo e sem intenção amorosa, ou de um desses olhares mudos, longos e repassados de ternura, que em si resumem todo um poema de amor. Bem vontade tinham eles de se beijarem, mas tolhia-os um acanhamento virginal, esse pudor nativo, que é como o orvalho, que só na aurora esmalta o cálix das flores, e os desejos morriam-lhes dentro da alma, e os beijos apenas lhes estremeciam na ponta dos lábios, como tenros passarinhos batendo as asas implumes à beira do ninho, ansiando, mas nunca ousando desprender o vôo pelo espaço."
Trecho do livro O Seminarista de Bernardo Guimarães.
Trecho do livro O Seminarista de Bernardo Guimarães.
segunda-feira, 5 de julho de 2010
Uma viagem surreal - Dalí e Walt Disney
''Destino é um curta-metragem animado lançado em 2003 pela The Walt Disney Company. É o único em que a sua produção inicialmente começou em 1945, 58 anos antes de sua eventual conclusão. O Projeto foi uma colaboração entre o animador Walt Disney e o pintor espanhol surrealista Salvador Dalí, e inclui música escrita pelo compositor mexicano Armando Dominguez.
Os seis minutos do curta mostram a história de um mal-fadado amor que Chronos tem para uma mulher mortal. A história continua como a fêmea dança através das paisagens surreais inspiradas por Salvador Dalí.''
Os seis minutos do curta mostram a história de um mal-fadado amor que Chronos tem para uma mulher mortal. A história continua como a fêmea dança através das paisagens surreais inspiradas por Salvador Dalí.''
domingo, 4 de julho de 2010
sábado, 3 de julho de 2010
''Uma vez conformado, uma vez feito o que outras pessoas fazem só porque fazem, uma letargia infiltra-se em todos os nervos mais finos e faculdades da alma. Ela se torna todo o espetáculo externo e vazio interior; estúpida, rígida e indiferente.'' Virginia Woolf
Cena do filme As Horas (Nicole Kidman protagonizando a escritora)
Cena do filme As Horas (Nicole Kidman protagonizando a escritora)
sexta-feira, 14 de maio de 2010
Desabafo.
Repentinamente o sentimento de vazio toma conta de mim.
Pessoas, situações, ... vontades imprevisíveis, desejos inconcluíveis.
É porque quando mergulho meus olhos ressecados nesse imenso lago azul que é o seu olhar, encontro finalmente a angústia delirante que me persegue a todo instante.
''Mas eu sempre tivera medo de delírio e erro. Meu erro, no entanto, devia ser o caminho de uma verdade: pois só quando erro é que saio do que conheço e do que entendo. Se a 'verdade' fosse aquilo que posso entender - terminaria sendo apenas uma verdade pequena, do meu tamanho.''
Pessoas, situações, ... vontades imprevisíveis, desejos inconcluíveis.
É porque quando mergulho meus olhos ressecados nesse imenso lago azul que é o seu olhar, encontro finalmente a angústia delirante que me persegue a todo instante.
''Mas eu sempre tivera medo de delírio e erro. Meu erro, no entanto, devia ser o caminho de uma verdade: pois só quando erro é que saio do que conheço e do que entendo. Se a 'verdade' fosse aquilo que posso entender - terminaria sendo apenas uma verdade pequena, do meu tamanho.''
starry night
Starry Night, Edvard Munch 1893
''Somos criaturas que precisam mergulhar na profundidade para lá respirar, como o peixe mergulha na água para respirar, só que minhas profundidades são no ar da noite. A noite é o nosso estado latente. E é tão úmida que nascem plantas. Em casas as luzes se apagam para que se ouçam mais nítidos os grilos, e para que os gafanhotos andem sobre as folhas quase sem as tocarem, as folhas, as folhas, as folhas - na noite a ansiedade suave se transmite através do oco do ar, o vazio é o meio de transporte.''
''Somos criaturas que precisam mergulhar na profundidade para lá respirar, como o peixe mergulha na água para respirar, só que minhas profundidades são no ar da noite. A noite é o nosso estado latente. E é tão úmida que nascem plantas. Em casas as luzes se apagam para que se ouçam mais nítidos os grilos, e para que os gafanhotos andem sobre as folhas quase sem as tocarem, as folhas, as folhas, as folhas - na noite a ansiedade suave se transmite através do oco do ar, o vazio é o meio de transporte.''
Trecho do livro A Paixão Segundo G.H.
segunda-feira, 3 de maio de 2010
''Todos iguais. Com vestes iguais. Roupas escuras. E com indiferentes chapéus côco! Como se todos fossem apenas um... A multidão de Magritte faz-se de homens iguais, uma multidão de um homem só, que se esconde no meio de outros homens iguais, com roupas que lhe permitem viver na penumbra, esquecidos dos outros, para se conseguir esquecer de si. A multidão é uma multidão de homens anônimos, um perdido no meio de todos, em uma praça vazia por estar cheia de pessoas idênticas.''
Por que tudo sempre deve haver sentido? Por que não a loucura, a eloquência, a diferença? Que tal o sabor do irreal? Por que não mudar um pouco, sair do comum, prevalecer, sobrepor-se, impor-se?
Por que todos insistem em seguir, imitar tudo o que o grande agrupamento de pessoas que pensam do mesmo jeito, junto de seus excessos de ideias repetitivas que tanto insistem em martelar na mente de todo mundo?
''Faça isso. Seja aquilo. Só assim você será uma pessoa normal e será aceito pela sociedade.''
Por que não ter uma própria interpretação da vida?
Então, pra mim chega de normalidade, regularidade. Chega de água com açúcar, chega de meios-termos, chega de mais ou menos.
Eu quero um mundo novo, necessito disso. Se ele insiste em permanecer o mesmo, crio eu mesma o meu próprio. Não fugirei da realidade, apenas quero viver o real na forma irreal, o devaneio eufórico camuflado entre sorrisos e suspiros.
Por que tudo sempre deve haver sentido? Por que não a loucura, a eloquência, a diferença? Que tal o sabor do irreal? Por que não mudar um pouco, sair do comum, prevalecer, sobrepor-se, impor-se?
Por que todos insistem em seguir, imitar tudo o que o grande agrupamento de pessoas que pensam do mesmo jeito, junto de seus excessos de ideias repetitivas que tanto insistem em martelar na mente de todo mundo?
''Faça isso. Seja aquilo. Só assim você será uma pessoa normal e será aceito pela sociedade.''
Por que não ter uma própria interpretação da vida?
Então, pra mim chega de normalidade, regularidade. Chega de água com açúcar, chega de meios-termos, chega de mais ou menos.
Eu quero um mundo novo, necessito disso. Se ele insiste em permanecer o mesmo, crio eu mesma o meu próprio. Não fugirei da realidade, apenas quero viver o real na forma irreal, o devaneio eufórico camuflado entre sorrisos e suspiros.
domingo, 18 de abril de 2010
Apesar De
''... uma das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de. Apesar de, se deve comer. Apesar de, se deve amar. Apesar de, se deve morrer. Inclusive muitas vezes é o próprio apesar de que nos empurra para a frente. Foi o apesar de que me deu uma angústia que insatisfeita foi a criadora de minha própria vida. Foi apesar de que parei na rua e fiquei olhando para você enquanto você esperava um táxi. E desde logo desejando você, esse teu corpo que nem sequer é bonito, mas é o corpo que eu quero. Mas quero inteiro, como a alma também. Por isso, não faz mal que você não venha, esperarei quanto tempo for preciso.''
Trecho de 'Uma Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres' de Clarice Lispector.
Trecho de 'Uma Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres' de Clarice Lispector.
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